sexta-feira, 26 de setembro de 2008

28-09-2008 - Domingo XXVI do Tempo Comum



Arrependeu-se e foi

Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Foi ter com o primeiro e disse-lhe: “Filho, vai hoje trabalhar na vinha”. Mas ele respondeu-lhe: “Não quero”. Depois, porém, arrependeu-se e foi. O homem dirigiu-se ao segundo filho e falou-lhe do mesmo modo. Ele respondeu: “Eu vou, Senhor”. Mas de facto não foi. Qual dos dois fez a vontade ao pai?» Eles responderam-lhe: «O primeiro». Jesus disse-lhes: «Em verdade vos digo: os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o reino de Deus. João Baptista veio até vós, ensinando-vos o caminho da justiça, e não acreditastes nele; mas os publicanos e as mulheres de má vida acreditaram. E vós, que bem ouvistes, não vos arrependestes, acreditando nele». (Mt 21, 28-32)









O nosso SIM à Palavra de Deus



Vimos já que todos somos chamados a trabalhar na vinha do Senhor.E qual pode ser a nossa resposta a esse chamado?A Parábola termina com uma pergunta: "Qual dos dois fez a vontade do Pai?"A resposta é clara: Não quem DISSE SIM, mas quem FEZ a vontade do Pai.

A Parábola tinha endereço certo, pois os dois filhos representam dois grupos do tempo de Jesus: os "pecadores inveterados" e os "justos estabelecidos".Os judeus eram os "justos estabelecidos", fiéis praticantes da Lei, que há séculos tinham dito o seu SIM a Deus pela Aliança e que agora rejeitavam o Cristo.Os "pecadores inveterados" eram os cobradores de impostos e as prostitutas, que por muito tempo disseram NÃO à vontade de Deus expressa na lei, mas agora acabavam por dizer o seu SIM ao apelo de Jesus e entravam no Reino, seguindo a proposta de Jesus.

O que esta parábola quer dizer hoje para nós?

Todos são chamados a trabalhar na vinha do Pai. Ninguém está dispensado de colaborar com Deus na construção de um mundo mais humano, mais justo, mais verdadeiro, mais fraterno.Diante da chamada de Deus, há dois tipos de resposta: os que a escutam, mas não vão trabalhar na vinha; os que acolhem a chamada de Deus e respondem de forma generosa.

De que lado estamos nós?

No Baptismo, dissemos SIM, mas depois, na vida concreta, talvez tenhamos transformado o nosso SIM em muitos NÃO.Outros, talvez nunca tenham dito um SIM explícito para Deus, mas, na prática de cada dia, amam o irmão, sacrificam-se pelos outros, executam muitas obras de caridade. Estes, ainda que não baptizados, são verdadeiros Filhos de Deus.

A qual grupo pertencemos?

Ao primeiro?
Ao segundo?
Ou, quem sabe, um pouco de cada?
Melhor seria que fôssemos como o 3.º filho (que não está na parábola): aquele que diz SIM e vai mesmo!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Imagem Peregrina de N.ª Sr.ª de Fátima Visitou a Paróquia de Almendra

Nos dias 22 e 23 de Agosto, a paróquia de Almendra recebeu a Imagem Peregrina de N.ª Sr.ª de Fátima.
As ruas estavam muito bonitas com passadeiras e colchas, as pessoas colaboraram muito e esfo rçaram-se para receber a Mãe de Jesus e nossa Mãe.
A todos os Almendrenses um muito obrigado, e que nossa Senhora de Fátima os abençoe, e que abençoe a nossa Paróquia .
Para que possamos recordar esses bons momentos da visita da Imagem de Nossa Senhora de Fátima a Almendra, aqui ficam disponiveis as fotos,a quem agradeço um muito obrigado do fundo do coração a uma pessoa que me as enviou.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A actualidade de D. João de Oliveira Matos e Monsenhor Joaquim Alves Brás

“Actualidade de D. João de Oliveira Matos e Monsenhor Joaquim Alves Brás” é o tema das Jornadas Diocesanas de Pastoral, marcadas para 26 e 27 de Setembro, no Centro Apostólico, na Guarda. O evento pretende mostrar a actualidade da mensagem de D. João Oliveira matos e Monsenhor Joaquim Alves Brás e apontar desafios pastorais que dos respectivos carismas se colocam à Igreja Diocesana e às comunidades cristãs.
O Programa começa, no dia 26, às 9.30 horas, com o acolhimento e oração de Laudes. A sessão de abertura está anunciada para as 10.30 horas, com a presença do Bispo da Guarda, D. Manuel Felício, e as Coordenadoras do Instituto Secular das Cooperadoras da Família e da Liga dos Servos de Jesus. Às 11.30 horas, Arnaldo Pinto Cardoso, Postulador da causa, abordará o tema “vocação à santidade nos Servos de Deus”. Ao início da tarde, pelas 14.30 horas, Victor Feytor Pinto falará sobre “Perfil espiritual de Monsenhor Joaquim Alves Brás” e, às 15.45 horas, Moiteiro Ramos falará sobre “Perfil Espiritual de D. João de Oliveira Matos”. O primeiro dia termina com a celebração da Missa, na Casa de Santa Zita, às 17.00 horas, e adoração ao santíssimo, na Sé da Guarda, às 21.00 horas.
No segundo dia, os trabalhos começam às 9.30 horas, com a oração de Laudes. Às 10.00, Manuel Geada Pinto, Deolinda Machado e Manuel Luís Santos, vão apresentar testemunhos sobre D. João Oliveira Matos e Monsenhor Joaquim Alves Brás. A partir das 11.30 horas, haverá trabalho de grupos sobre escritos e obras dos dois Servos de Deus.

domingo, 21 de setembro de 2008

21-09-2008 - Domingo XXV do Tempo Comum

“Serão maus os teus olhos porque eu sou bom?”

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «O Reino dos Céus pode comparar-se a um proprietário, que saiu muito cedo a contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com eles um denário por dia e mandou-os para a sua vinha. Saiu a meia manhã, viu outros que estavam na praça ociosos e disse-lhes: “Ide vós também para a minha vinha e dar-vos-ei o que for justo”. E eles foram. Voltou a sair, por volta do meio-dia e pelas três horas da tarde, e fez o mesmo. Saindo ao cair da tarde, encontrou ainda outros que estavam parados e disse-lhes: “Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?” Eles responderam-lhe: “Ninguém nos contratou”. Ele disse-lhes: “Ide vós também para a minha vinha”. Ao anoitecer, o dono da casa disse ao capataz: “Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, a começar pelos últimos e a acabar nos primeiros”. Vieram os do entardecer e receberam um denário cada um. Quando vieram os primeiros, julgaram que iam receber mais, mas receberam também um denário cada um. Depois de o terem recebido, começaram a murmurar contra o proprietário, dizendo: “Estes últimos trabalharam só uma hora e deste-lhes a mesma paga que a nós, que suportámos o peso do dia e o calor”. Mas o proprietário respondeu a um deles: “Amigo, em nada te prejudico. Não foi um denário que ajustaste comigo? Leva o que é teu e segue o teu caminho. Eu quero dar a este último tanto como a ti. Não me será permitido fazer o que quero do que é meu? Ou serão maus os teus olhos porque eu sou bom?” Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos». (Mt 20, 1-16a)


A parábola que Jesus apresenta não se aplica de modo algum aos contratos de trabalho e salário, celebrados entre patrões e operários. Nestes, deve ter-se em conta, tanto quanto possível, a justa compensação do trabalho sem distinção das pessoas.No Reino dos Céus, as coisas processam-se de modo diferente. Todo o homem tem acesso junto de Deus, desde que, em qualquer momento da sua existência, O procure decidida e lealmente.



segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Jovens testemunham fé em Fátima


Três grandes grupos de peregrinos realizaram este Domingo a sua peregrinação a Fátima: o Movimento Nacional dos Convívios Fraternos, a Associação Nacional de Coxos e a Federação Portuguesa dos Dadores Benévolos de Sangue, que este ano realizou a sua 11ª peregrinação a este Santuário.
No total, registaram-se no Serviço de Peregrinos do Santuário como participantes na Eucaristia Dominical deste dia 14 de Setembro outros 28 grupos de peregrinos oriundos de dez países, incluindo Portugal.
Recentemente ordenado Bispo, em 29 de Junho deste ano, na Sé Nova de Coimbra, D. João Lavrador, Bispo Auxiliar do Porto, dirigiu-se sobretudo aos jovens, e muito em particular aos jovens Convivas que integram o Movimento dos Convívios Fraternos, movimento fundado em 1968 que realizou este ano o seu 35º Encontro/Peregrinação Nacional em Fátima.
“É grande a interpelação que nos é feita, sobretudo a vós jovens, que fizestes a experiência apaixonante do amor de Deus nas vossas vidas: estar no mundo, amando-o, não para se limitar a ser como o mundo mas, como recomenda o Apóstolo, para o transformar pela força do Evangelho”, exortou D. João Lavrador que se seguida disse ser possivel que cada homem e mulher deste tempo actue como discípulo de Jesus Cristo.
Num chamamento para cada um olhe para o mundo com o olhar de Jesus Cristo, e em Cristo, D. João Lavrador pediu aos jovens para que analisem o mundo e experimentem “a verdade de Jesus Cristo”, proclamando à sociedade que “Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e Vida”.
“Permitam-se que vos convide, neste santuário, amparados pela mão de Nossa Senhora, contemplando o seu Coração Imaculado, porque cheio do Amor do Senhor que a conduziu pelos caminhos da verdade de Deus ao encontro da verdade do homem, a renovardes a mesma experiência de Jesus Cristo actuante nas vossas vidas ‘Ele que sendo Deus, despojou-se a si próprio, tomando a condição de servo, ficando semelhante aos homens’, como afirma S. Paulo”, disse D. João Lavrador.
Na sua interpelação aos jovens, o Prelado disse-lhes também: “Neste Santuário de Fátima somos conduzidos pela mão materna de Nossa Senhora, convidando-nos a sermos jovens do nosso tempo, em conversão permanente ao Seu Filho. Não tenhais medo de propordes a vós mesmos e aos outros jovens o caminho da conversão como o único capaz de orientar para o homem novo que todos ansiais e a humanidade espera”.
“Amar o mundo, tal como Jesus, é participar nas estruturas da sociedade, oferecendo aos jovens, aos adultos, às crianças e aos idosos a esperança que brota do Evangelho. Todos lamentamos o deficit de participação pública dos cristãos. Por fidelidade à fé cristã, sede vós jovens os primeiros a incentivar os fiéis leigos das vossas comunidades cristãs a essa participação”, acrescentou D. João Lavrador.
Após o momento da comunhão, um grupo de Convivas apresentou um jogo cénico em frente do altar do Recinto de Oração. De forma original, com um tema musical inédito, os jovens, diocese a diocese, e também com representantes vindos de outros países, sublinharam o compromisso e o anseio pela busca da Verdade, e o apoio em Jesus Cristo, representado por uma cruz grande, branca, colocada no centro da representação.
O momento foi ocasião para que todos os Convivas presentes no Santuário e as suas famílias renovassem os seus votos de consagração a Nossa Senhora de Fátima.
Após a consagração, o Padre Virgílio Antunes, director do Serviço de Peregrinos e Reitor nomeado para o Santuário de Fátima, que entra em funções no próximo dia 25 de Setembro, dirigiu-se aos jovens Convivas dizendo-lhes: “O Santuário de Fátima tem sempre muito gosto em acolher-vos. A vós e a todos os outros jovens que queiram aqui e com Nossa Senhora encontrar tranquilidade e paz para as vossas vidas”.
Este movimento dos Convivas nacional já habituou Fátima à sua alegria e dinamismo, e sobretudo ao sentimento de júbilo acente na esperança renovada do sinal de fé aqui deixado pelos jovens Convivas.
A cidade acolhe, sempre em Setembro, o testemunho e a fé de jovens representantes de todas as dioceses de Portugal. As ruas e o Santuário de Fátima recebem novo colorido, isto porque uma marca distintiva deste movimento, ao jeito de arco-iris de tamanho nacional, é que cada diocese é representada por uma cor diferente.
É também de destacar nesta Eucaristia que a animação musical esteve a cargo de um coro de Dakar, Senegal, que também animou a Eucaristia Internacional Aniversária de 13 de Setembro.
Esta Eucaristia, presidida por D. João Lavrador, foi concelebrada pelo bispo irlandês D. John Magge e por 55 sacerdotes.
D. Magge, que cumprirá no próximo dia 24 de Setembro 72 anos de idade, é actualmente bispo de Cloyne, na Irlanda. No Vaticano, trabalhou na Congregação para a Evangelização dos Povos, e, depois, desempenhou as funções de Cerimoniário e Secretário dos Papas Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II.
LeopolDina Simões, Sala de Imprensa do Santuário de Fátima

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Papa envia mensagem à França


Bento XVI enviou hoje uma mensagem à França, país onde chegará na próxima Sexta-feira para a décima viagem ao estrangeiro do seu pontificado. O Papa assegura que a sua visita quer falar de “paz e fraternidade”.
Na primeira viagem a terras gaulesas, enquanto Papa, Bento XVI dirige uma “saudação cordial ao povo francês e a todos os habitantes dessa terra bem amada”.
“O vosso país não me é desconhecido. Muitas vezes tive a alegria de me deslocar aí e apreciar a sua generosa tradição de acolhimento e tolerância, bem como a solidez da sua fé cristã e a sua alta cultura humana e espiritual”, assinala.
O Papa explica que a ocasião desta visita, que decorre de 12 a 15 de Setembro, é o 150.º aniversário das aparições marianas de Lourdes, num itinerário que conta com uma passagem por Paris antes de se juntar “à multidão dos peregrinos que vêm seguir as etapas do caminho do Jubileu, nos passos de Santa Bernardette, até à gruta de Massabielle”.
“A minha oração será intensa aos pés de Nossa Senhora, pelas intenções de toda a Igreja, particularmente pelos doentes, as pessoas abandonadas, mas também pela paz no mundo”, escreve.
“Caros amigos de França, convido-vos a unirem-se à minha oração para que esta viagem traga frutos abundantes”, acrescenta.


Programa


O director dos serviços de informação do Vaticano apresentou esta Terça-feira o programa da visita que Bento XVI irá realizar a França. Na viagem, o Papa irá encontrar-se com autoridades políticas, culturais e religiosas.
Entre os temas que irão ser abordados nos discursos desta décima viagem do Papa ao estrangeiro – a sétima na Europa – deve figurar a questão da laicidade e da presença da Igreja numa sociedade secularizada, particularmente relevante num país como a França.
Bento XVI inicia o seu programa em Paris, apesar desta viagem ter surgido no contexto do 150.º aniversário das aparições de Lourdes. Na comitiva papal seguem muitos dos cardeais franceses que fazem parte da Cúria Romana.
Ao meio-dia de Sexta-feira, 12, o Papa será acolhido pessoalmente pelo presidente Sarkozy. Mais tarde, há encontros com representantes das comunidades judaica, muçulmana e cristã em França.
A chegada a Lourdes acontece ao final do primeiro dia de visita. Bento XVI irá fazer as etapas do “caminho do jubileu”, ligadas à vida da vidente deste santuário, Santa Bernadette.
No Domingo, o Papa encontrar-se-á com todos os Bispos de França, com os quais discutirá a situação da Igreja no país. O regresso a Roma acontece na Segunda-feira, dia 15.


Bispos satisfeitos com avanços da regulamentação da Concordata


Conselho Permanente da CEP decorreu em Fátima


O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reuniu-se hoje (9 de Setembro) em Fátima, onde reflectiram sobre “o avanço da regulamentação da Concordata e a boa vontade do Governo em terminar estes dossiers nos vários campos em que estão abertos” – disse aos jornalistas D. Carlos Azevedo, secretário da CEP. No caso concreto das prisões, o prelado afirma que tem “havido várias dificuldades na nomeação de novos capelães” para esta área da pastoral.
Na próxima Assembleia Plenária da CEP, que decorrerá em Novembro, o bispo anunciou que serão debatidos dois documentos: “Um sobre a escola e outro sobre a questão das crianças”. D. Carlos Azevedo anunciou também que foi constituído “um grupo de trabalho para a revisão dos organismos da CEP”.
Em relação à onda de criminalidade que assolou o país nos últimos tempos, o secretário da CEP salienta que os bispos se mostraram “preocupados com a situação” que teve grande impacto no mês de Agosto. E avança: “Esperemos que seja passageira.” O agravamento das condições sociais poderão estar relacionadas com o aumento da criminalidade. No entanto, os bispos pensam que esses fenómenos “estão mais relacionados com uma crise profunda de princípios de vida”.
A “delicadeza” da lei do divórcio também foi analisada. “O que nos preocupa nesta questão é a instituição do matrimónio como algo que é positivo para a sociedade, mas estas leis fragilizam-no cada vez mais”.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Erradicar a pobreza: um desafio à missão evangelizadora da Igreja

Presidente da Caritas afirma que a «praxis tem de ser assumida pelas paróquias »

A pobreza reveste-se de grande complexidade revelando-se, cada vez mais, como um fenómeno com características multidimensionais que vai para além da escassez de recursos económicos. Nas suas causas estão outras problemáticas sociais como o mercado de trabalho, a saúde física e mental, a educação, a formação académica e profissional, a habitação e as relações sociais.
Quem contacta com pessoas em situação de pobreza sabe que, para a grande maioria, não é possível sair dela sem a colaboração de terceiros. Os percursos vitais que levam as pessoas ou famílias a subsistir privadas das condições indispensáveis a uma vida digna são fruto de processos de deterioração social e económica continuados no tempo. Estamos, por isso, perante uma realidade que exige esforços redobrados. Mas que tem solução. A erradicação da pobreza é, de verdade, um facto evitável. O problema actual não é de inexistência de meios, mas de querer ou não querer. Ou seja, já não é um problema técnico, mas político e ético.
No plano ético a Igreja tem uma missão importante e muito específica a desempenhar. Missão ética que não pode ficar apenas pela salvaguarda dos princípios, mas tem que os levar para à praxis. Neste campo é incontornável o reconhecimento do papel que a Igreja, em Portugal, tem desenvolvido no apoio às pessoas e comunidades em situação de pobreza, sobretudo no âmbito da assistência, através das suas múltiplas e diversificadas instituições de caridade. Porém, como bem alertaram os nossos bispos, não «pode servir o muito que já fazemos para aquietar a nossa consciência face ao que ainda falta fazer. Sem pessimismos, importa desenvolver mais esforços, designadamente no que se refere à pastoral social em todas as paróquias». Há que, de facto, repensar alguns aspectos e reforçar noutros, na missão social da Igreja. Na minha perspectiva, ouso avançar, de forma muito rudimentar, com a indicação de algumas opções que a Igreja terá de fazer, a curto e a médio prazo, para que seja mais eficaz o seu contributo para a erradicação da pobreza.
A primeira é, de facto, a “opção preferencial pelos mais pobres”, quaisquer que sejam as pobrezas. Esta opção faz com que a acção social e caritativa não possa ser concebida nem vivida como uma acção periférica e muito menos como uma acção optativa no conjunto das actividades pastorais. Nem tão pouco pode ser entendida como uma mera acção supletiva para necessidades que não estão cobertas pela sociedade. Mas como elemento constitutivo da mesma Igreja, chamada em cada momento a manifestar o amor de Deus pela humanidade.
Neste sentido, o testemunho explícito da caridade não pode ficar confinado à iniciativa de alguns grupos ou pessoas com “devoção” particular para esta missão. Tem de ser assumido pelas paróquias em geral «como exigência da vida da própria comunidade cristã», para que possa envolver todos os que a ela pertencem nas iniciativas a favor dos pobres. É óbvio que não se deve minimizar a acção social e caritativa a nível individual. Porém, é importante não esquecer que os cristãos não estão chamados a exercer o múnus da caridade apenas por “motum próprio”, mas a assumi-lo como um projecto comum, procurando os recursos necessários, incentivando à partilha cristã de bens. Urge estimular a consciência social das comunidades cristãs para que entendam «que o amor também precisa de organização, enquanto pressuposto para um serviço comunitário ordenado».
Julgo, assim, que o primeiro de todos os esforços é assegurar que exista um grupo organizado que, em nome da comunidade, concretize a caridade desta, recrutando mais e mais novos agentes pastorais, capacitando-os para que, como nos recorda Bento XVI, «a actividade caritativa da Igreja mantenha todo o seu esplendor e não se dissolva na organização assistencial comum, tornando-se uma simples variante da mesma.». E não estamos imunes a esta transformação da assistência em assistencialismo, que gera dependências e contradiz o testemunho da verdadeira caridade. A assistência é, sem dúvida, necessária, mas é mais profícuo o diálogo, a formação adequada e, antes de tudo, a fraternidade.
Para que esta fraternidade se torne realidade é importante acolher o desafio de abandonar uma mentalidade que considera os pobres como um fardo, ávidos de consumir o que os outros produzem. Há que reconhecer os pobres com as suas riquezas, escutá-los e dar-lhes oportunidades de acção, pois Deus quer enriquecer a todos através deles. Em suma, impõe-se que a Igreja se esforce por agir com os pobres e não pelos e para os pobres.
Por outro lado, uma visão integrada da acção caritativa apela a que os organismos caritativos se abram à colaboração com a sociedade, ajudando a descobrir e a potenciar as iniciativas que favoreçam uma rede entre as forças sociais e a administração pública em geral. Tudo isto fortalecido com a criação de laços de comunhão fraterna a nível paroquial, diocesano, inter-diocesano e internacional.
Por último, mas antes de tudo, é «desejável que se intensifique a formação permanente do clero e dos leigos nesta área», nomeadamente, no ensino da Doutrina Social da Igreja.
Comecei por afirmar que é possível erradicar a pobreza, bastando para isso, vontade política. Termino, dizendo que, para nós cristãos, é necessária uma verdadeira conversão do coração. Na verdade, o serviço dos pobres reclama fé e conversão, pois de outra forma corrermos o risco de curar com uma mão as feridas que produzimos com a outra. Por outro lado, este serviço exige paciência e sentido pedagógico. Há que aceitar, de antemão, a lentidão e os possíveis fracassos. Uma caridade que não está fundada na fé e dinamizada pela esperança, não superará um mero humanismo. E a Igreja está chamada a ser mais que uma associação humanista.

Eugénio Fonseca

Presidente da Caritas Portuguesa

Novo Bispo de Portalegre-Castelo Branco


Bento XVI nomeou Bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco D. Antonino Eugénio Fernandes Dias, de 59 anos, até ao presente Bispo Auxiliar de Braga. A nomeação foi tornada pública às 11h00 desta Segunda-feira, dia 8 de Setembro de 2008.
A Diocese de Portalegre-Castelo Branco ficou sem Bispo a 8 de Janeiro deste ano, aquando da nomeação de D. José Alves como Arcebispo de Évora. O prelado tinha vindo a desempenhar funções de Administrador apostólico da Diocese.
A tomada de posse de D. Antonino Dias terá lugar a 7 de Outubro e a sua entrada na Diocese acontece na tarde do dia 12 desse mesmo mês.

Nota biográfica

Antonino Eugénio Fernandes Dias, filho de Durval Dias e de Laurinda das Dores Lima Fernandes, nasceu a 15 de Dezembro de 1948, na freguesia de Longos Vales, concelho de Monção, onde fez a Escola Primária. Estudou Humanidades, Filosofia e Teologia nos Seminários Arquidiocesanos de Braga, onde foi ordenado a 13 de Junho de 1974, no encerramento do Congresso Eucarístico Nacional. Tendo concluído o antigo Curso Teológico em 1973, estagiou e permaneceu cerca de três anos na Redacção do jornal Diário do Minho. Em 25 de Janeiro de 1975, foi nomeado por D. Francisco Maria da Silva, Arcebispo de Braga, pároco de Santa Marta de Portuzelo, em Viana do Castelo, onde exerceu intensa actividade pastoral e social, tendo pertencido à equipa coordenadora da pastoral arciprestal e sido professor de Religião e Moral na Escola Comercial e Industrial de Viana do Castelo e no Colégio do Minho.
Em 1983 foi nomeado Reitor do Seminário Diocesano de São Teotónio, em Monção. Aqui, cumulativamente, foi Director Diocesano da União Apostólica do Clero; responsável pelo quinzenário “Notícias de Monção”; Administrador Paroquial da vila de Monção; promoveu as Jornadas Teotonianas que ainda se realizam e foi convidado a assumir outros cargos diocesanos que manteve até à nomeação episcopal.
Tendo frequentado, em 1981 e 1982, enquanto pároco, o Instituto Superior de Teologia de Braga, veio a licenciar-se no ano lectivo de 1990/91 na já Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.
Foi Pró-Vigário Geral da Diocese de Viana do Castelo; Vigário Episcopal para o Clero, Seminário e Vocações; Reitor do novo Seminário Diocesano, em Viana do Castelo; Director do Secretariado Diocesano da Pastoral Vocacional; Mestre de Cerimónias da Sé Catedral; Juiz do Tribunal Eclesiástico; Professor na Escola Superior de Teologia e Ciências Humanas do Instituto Católico de Viana do Castelo; Assistente Regional do Corpo Nacional de Escutas (CNE); Assistente Regional da Associação Guias de Portugal; membro do Conselho Episcopal, do Conselho Presbiteral, do Conselho Diocesano de Pastoral, do Colégio de Consultores Diocesanos; e dedicou grande parte do seu tempo a outros campos da actividade pastoral da Diocese, nomeadamente no campo da pregação, catequese, Cursos de Cristandade e Pastoral Familiar...
A 10 de Abril de 1984, o Santo Padre nomeou-o seu Capelão com o título de Monsenhor.
Em 10 de Novembro do ano 2000, foi nomeado, pelo Santo Padre João Paulo II, Bispo Titular de Tamata e Auxiliar do Arcebispo de Braga. Foi ordenado Bispo em 21 de Janeiro de 2001, na igreja de São Domingos, em Monserrate, Viana do Castelo, junto do túmulo de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, que foi Arcebispo de Braga, tendo sido bispos ordenantes D. José Augusto Martins Fernandes Pedreira (de Viana do Castelo), D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga (de Braga) e D. Armindo Lopes Coelho (do Porto).
Tendo sido apresentado em Braga, na Sé Catedral, em 18 de Fevereiro de 2001, foi nomeado, em 22 do mesmo mês, Vigário Geral da Arquidiocese e Moderador da Cúria, ficando ainda com o encargo de acompanhar os Seminários Diocesanos, a Fraternidade Sacerdotal e o Instituto Diocesano de Apoio ao Clero (IDAC). Com a remodelação e novo organigrama dos serviços da Cúria, deixou estes encargos e assumiu a presidência da Comissão Arquidiocesana para o Laicado e Família. Além disso, sempre dentro do viver e agir colegialmente, foi-lhe atribuída, de forma mais específica, a Vigararia Territorial que compreende os arciprestados de Barcelos, Esposende, Vila do Conde/Póvoa de Varzim e Vila Nova de Famalicão.
Durante a sua estadia em Braga, procurou ainda conhecer a realidade das comunidades portuguesas no estrangeiro, tendo visitado algumas em França, Suíça, Alemanha e Inglaterra.
Participou no Congresso e Encontro Mundial de Famílias com o Santo Padre, em Valência (Espanha), de 1 a 9 de Julho de 2006, e nas Jornadas Mundiais da Juventude, em Sydney (Austrália), como bispo catequista, de 15 a 20 de Julho de 2008.
Dentro da Conferência Episcopal, pertenceu à Comissão Episcopal do Clero, Seminário e Vocações, e, presentemente, faz parte da Comissão Episcopal do Laicado e Família.

Nota histórica

A diocese de Portalegre foi criada, por desmembramento da Diocese da Guarda, pela Bula Pro Excellenti Apostolicae Sedis de Paulo III datada de 21.VIII.1549. Por novo desmembramento da Diocese da Guarda, foi criada por Clemente XIV (07.VI.1771) a de Castelo Branco que perdurou até à reforma da divisão eclesiástica de Portugal decretada por Leão XIII na Bula Gratissimum Christi de 30.IX.1881, data em que foi extinta e os seus territórios integrados na Diocese de Portalegre. Por decreto da Sagrada Congregação Consistorial de 18.VII.1956, esta diocese ficou a chamar-se de Portalegre-Castelo Branco, ficando com a Sé Catedral de N.ª S.ª da Assunção, em Portalegre, e com a Sé Concatedral de S. Miguel Arcanjo, em Castelo Branco, e ambas as cidades com o título de sede episcopal.

D. Carlos Azevedo: Memória e projecto da Pastoral Social


Congresso da Pastoral Social começa hoje em Fátima


D. Carlos Azevedo, Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, em entrevista à Agência Ecclesia, aborda perspectivas de trabalho numa área tão vasta, mas onde a Igreja está muito presente.
Agência Ecclesia (AE)- Que perspectivas quer o 1º Congresso da Pastoral Social lançar?
D. Carlos Azevedo (CA)- O Congresso quer rever o que tem sido feito ao longo de 25 anos. Importa avaliar esse processo percorrido. Mas esta é também uma oportunidade para conhecer a realidade presente, que sabemos complexa e problemática e ver os caminhos que o futuro no pede. Contamos por isso, com especialistas e com uma análise que está a ser feita sobre todos os centros sociais e paroquiais, da responsabilidade da Universidade Católica Portuguesa. Este trabalho vai também permitir pensar e articular aquilo que será a pastoral da Igreja nos próximos tempos. Importa também fazer uma interpretação coerente e lúcida das causas dos contextos socioeconómicos, das causas políticas do neo-liberalismo que impera, das causas culturais típicas da pós modernidade e encontrar as respostas adequadas e prontas, que são também uma exigência daquilo que poderíamos dizer é uma sã teologia política.
AE - Fazendo memória destes 25 anos de história da Pastoral Social, como tem sido a intervenção da Igreja?
CA - Existe uma enorme quantidade de Centros sociais e paroquiais com valências para crianças e para a terceira idade que nem conhecemos na totalidade. Quando ninguém ainda pensava em instituições semelhantes, a Igreja inventou-as e foram assumidas pela sociedade.
Talvez os tempos novos que vivemos exijam uma outra perspectiva de vida. Esta mensagem é uma permanente atenção à realidade, com adaptação, inovação e criatividade. Percebe-se uma prisão a fórmulas já criadas, estereotipadas e é necessário ter esta consciência da mística que deve estar presente no terreno.
AE- Então as soluções antigas estão ultrapassadas?
CA - Exactamente. Deus não é indiferente ao mundo. As comunidades cristãs, não tanto um padre que é muito sensível a esta dimensão económica ou um leigo que tem carisma, mas as comunidades cristãs devem ser implicadas na sua formação e atenção a esta dimensão social e política.
Isto exige que estejamos mais atentos às pessoas do que ao Estado. O Estado é uma máquina de conflitos de interesses e de administração desses conflitos na sociedade moderna. À Igreja importa mais relacionar-se com a nação e o povo, com a realidade concreta e interpelar as autarquias e o Estado nesta organização para que tenha em conta as realidades que por vezes esquece. Este é também o papel da acção social da Igreja. Não é fazer tudo ou ser uma contra sociedade, mas chamar a atenção das pessoas responsáveis para que tenham em conta estas situações e possam colaborar com as comunidades cristãs na resolução dos problemas.
AE- Como tem sido a relação Igreja-Estado e de que forma pode ser melhorada?
CA - Tem havido momentos mais felizes e outros mais tensos, como é próprio de uma relação normal. Está a ser reactivada uma estrutura de diálogo entre os ministérios implicados e a Conferência Episcopal e a Comissão. Há um bom augúrio de entendimento a bem daqueles que queremos servir.
AE- O rótulo Igreja impede uma colaboração mais vasta?
CA - Penso que não. Com independência, com projecto próprio e identidade e com qualidade nos serviços, só por miopia governamental é que não haverá apoio. Muitas vezes há um desentendimento por não acertarmos critérios e não termos presente aquilo que queremos. Houve um crescimento de instituições às vezes sem medir o alcance da perna. É necessário que se tenha consciência que se as comunidades cristãs querem praticar a caridade e querem manter instituições têm de as manter, não à custa dos outros.
AE- Trata-se de cortar com a dependência estatal?
CA - Houve demasiada dependência do Estado. Claro que todos somos dependentes uns dos outros, mas temos de ser dependentes com liberdade. E é isto que o futuro vai pedir. Que haja uma dependência mas, conjundando-a com a liberdade.
AE- Com algumas questões consideradas fracturantes na agenda política, como vai actuar a Comissão Episcopal?
CA - A função essencial da Igreja não é moral, é de transformação de vida das pessoas segundo o critério do Evangelho. Será necessário um caminho de abertura de diferença para que, mesmo que a nível exterior os valores sejam postos em causa, as comunidades cristãs não se desorientem com isso e possam dizer que as propostas que se fazem, são propostas de maior felicidade e maior qualidade de vida para todos.
AE- Que marca quer imprimir na Comissão?
CA - Importa intervir num processo que seja orquestral, que tenha em conta a coordenação, a coerência e a concentração de esforços. Importa que as melhores iniciativas possam ser avaliadas e propostas para os outros, numa partilha de experiências.
Importa que se crie esta mística cristã em todos, porque estar com os pobres e excluídos é uma opção difícil, que implica avanços e recuos, lamentos, frustrações. Mas proporciona também uma alegria muito sólida porque se descobre muita humanização. As pessoas tornam-se mais humanizadas e isso é importante.
AE - Procurando respostas diferentes?
CA - Importa não fazer só coisas, mas também reflectir. A reflexão a partir do levantamento que está a ser feito pela UCP, vai exigir também caminhos de adaptação nas instituições, de reendereçamento para outras valências, que não as que foram inicialmente traçadas porque a realidade já não precisa. Vamos fazer aquilo que ainda ninguém faz. A recolha de dados está ainda a ser feita. Este é um trabalho exigente. Na Igreja Portuguesa nunca temos dados sobre nada porque as pessoas não respondem.
AE - Amadorismo?
CA - Falta de organização. Nunca temos dados porque não somos exigentes. É preciso imprimir uma cultura de exigência dentro das próprias instituições, também para que as dioceses conheçam o que têm e para ser mais fácil saber o que há no país. A informação eficaz dá-nos conhecimento do conjunto, para descobrir os potenciais em ordem ao futuro.